Soroche, o mal de altitude: será que é tão mau assim?
Texto produzido por Mariana Amaral • 9 junho, 2014
Extraído do site: http://www.viajenaviagem.com/2014/06/mal-de-altitude-soroche-sintomas-como-combater/
Eu estava em frente à esteira do aeroporto de Cusco esperando a minha
mala chegar, quando de repente me dei conta: “Que engraçado… estou
respirando!”. Não contem para a minha mãe, mas desde que eu soube que iria
viajar a Cusco e Machu Picchu eu fiquei bem preocupada quanto ao mal-estar que
poderia sentir pela altitude.
Os principais sintomas do mal de altura (soroche, para os peruanos)
são falta de ar, tontura, enjoo e dor de cabeça. Pela experiência do meu grupo
e pelos relatos que li, eu concluí duas coisas:
1) sentir-se mal é quase inevitável;
2) com alguns cuidados, você consegue não se
sentir tão mal assim.
Minha ideia do soroche era já sair da porta do avião
ofegando e me escorando pelas paredes (ok, exagerei um pouco aí). Na verdade,
os efeitos são menos drásticos e vêm mais despacito
– devagar o suficiente para você conseguir atravessar o
estacionamento do aeroporto e caminhar até as vendinhas do outro lado numa boa.
Ali você encontra balinhas de coca para comprar (peça por caramelos de coca).
As balas de coca com mel são gostosinhas e
prometem ajudar na oxigenação do sangue.
Desse momento em diante, vá com calma. Chegou
no hotel em Cusco, fez o check-in, subiu com as malas e está se sentindo ótimo?
Maravilha, mas resista à tentação de já partir para um rolê pelos pontos
turísticos da cidade. Vá até a esquina, tome um café, veja o movimento, e
espere para turistar no dia seguinte.
Dar um tempo para o seu corpo se acostumar
com a altitude é a melhor forma de amenizar o soroche.
O que é o soroche
O soroche
é o mal-estar que pessoas que moram em cidades mais próximas ao
nível do mar sentem em altitudes elevadas. Quanto maior a altitude, mais
rarefeito é o ar – e pior nos sentimos. Nossa respiração fica mais rápida e os
batimentos cardíacos aumentam enquanto o nosso corpo tenta se habituar às novas
condições de clima.
Machu Picchu está a 2400 metros acima do nível
do mar. Cusco, 3400 metros acima.
Como amenizar os sintomas
O combate ao mal de altitude começa na
definição do roteiro: programe uma passagem sem correria pelas cidades mais
altas, reservando o primeiro dia para se aclimatar.
Mascar folhas de coca é uma tradição andina
que alivia o mal-estar. As folhas também podem ser usadas para fazer chá; fica
bem gostoso. São estimulantes, então melhor não tomar tarde da noite.
Na alimentação, a dica é evitar bebidas
alcoólicas, tomar bastante água e comer comidas leves. O chá de muña é
digestivo e ajuda a melhorar os enjôos.
As Sorojchi Pills são no Peru o remédio mais popular para o
combate ao mal de altura (bem, pelo menos entre os turistas). A composição é
ácido acetilsalicílico, cafeína e salófeno. O que é salófeno o Google não me
ajudou a descobrir, mas os demais componentes você pode encontrar em outros
remédios no Brasil mesmo. Comprar as Sorojchi Pills não é indispensável, não.
Os hotéis mais bambambãs de Cusco (como o Belmond Hotel Monasterio, o JW Marriott, o Casa Cartagena ou o hotel onde nós ficamos, o Aranwa) dispõem de tubulações especiais que liberam mais
oxigênio nos quartos, ou então de máscaras de oxigênio que são emprestadas ou
alugadas aos hóspedes.
O que sentimos
No meu grupo de viagem havia pessoas de
idades variadas, condições físicas variadas e experimentamos o soroche de diferentes
formas. Alguns se sentiram bastante nauseados, outros apenas sentiram a
respiração um pouco mais difícil. Interessante notar que a pessoa mais fora de
forma não foi quem se sentiu pior, e a pessoa mais velha não teve sintomas mais
fortes do que os outros.
Comigo o mal-estar bateu ao chegar no hotel.
Me senti zonza, mas durante o check-in tomei um chá e melhorei. Já era noite, e
depois do jantar (no próprio hotel) dei só um pulinho na Plaza de Armas (que
era bem perto) e voltei para dormir. Acordei no dia seguinte com uma dor de
cabeça horrorosa, mas passou com uma CafiAspirina, que levei de casa, e com uma
xícara de chá de coca. Durante os passeios da manhã, comi uma ou duas balinhas
de coca quando senti a respiração um pouco mais curta, mas nada que pudesse
chamar de ofegante.